“Vocês têm um tesouro aqui”. Esta foi a frase de Jamine Bessa, da Seção de Gestão de Documentos e Arquivos (Sigda), ao entrar em uma sala do prédio onde fica o Laboratório de Febre Amarela (Lafam) e se deparar com documentos que remontam a história da febre amarela no país.
O Projeto de Organização dos Documentos do Laboratório de Febre Amarela do Sigda resgatou parte da história de Bio-Manguinhos e da Fiocruz ao se debruçar na reorganização do acervo do Lafam. Parte já estava identificada e organizada, fruto de um trabalho feito em 2007 e 2009. Este projeto, no entanto, iniciado no final de 2013, revelou pedaços da história dos estudos e produção da vacina febre amarela.
A massa documental “descoberta” ilumina um período longínquo. Alguns documentos – dentre correspondências, acervo pessoal de antigos gestores e pesquisadores, documentação de projetos associados à vacina, e outros – datam de 1925. “Temos o passo a passo de toda a riqueza que foi desenvolvida em nosso Instituto. São documentos que contam toda a história da febre amarela: os primeiros projetos, o início da produção da vacina. A partir disso, conseguimos montar um grande quebra-cabeça com a linha do tempo de Bio”, explicou Carina Duim, chefe do Sigda.
Jamine e Carina, da Sigda, seguram um livro cujos registros datam de 1970.
Imagem: Bernardo Portella - Ascom / Bio-Manguinhos
Foram 1.397 unidades documentais transferidas do Lafam, em 42 caixas, e 93 publicações. Deste pequeno acervo bibliográfico, 18 foram consideradas obras raras e, assim, doadas ao Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). A coleção ficará na Biblioteca do Castelo, onde há um trabalho específico de preservação desse tipo de acervo.
O trabalho foi longo e incluiu um treinamento para 29 funcionários no POP 2174 (Métodos de Arquivamento dos Documentos de Bio-Manguinhos), que ajudou os colaboradores do Lafam na identificação e organização dos documentos, com o suporte e participação do Sigda. E curiosidades não faltaram.
Uma delas foi o Projeto Nigéria, uma cooperação de Bio/Fiocruz com o Ministério da Saúde daquele país, para a produção da vacina febre amarela por um laboratório nigeriano. Os documentos datam de 1988 a 1993, e a inauguração da planta de produção na Nigéria foi em 1994. Agora que o tesouro está identificado e organizado, conhecer essa história só depende de você. As consultas podem ser agendadas com o Sigda, via SOS.
Jornalista: Rodrigo Pereira