O verão está chegando e, com ele, o principal período de proliferação de mosquitos. Um dos maiores vilões desta época do ano, o Aedes aegypti é o que mais preocupa as autoridades de saúde, por ser o transmissor da dengue, zika e chikungunya, doenças que podem gerar outras enfermidades, como microcefalia e Guillain-Barré.
O Aedes aegypti é um mosquito doméstico, que vive dentro de casa e perto do homem. Ele possui hábitos diurnos, se alimentando de sangue humano principalmente ao amanhecer e ao entardecer. Sua reprodução acontece em água limpa e parada, como caixas d’agua destampadas, comedouros de animais e vasinhos de plantas.
A população tem protagonismo e deve ter papel ativo no combate ao mosquito. Por isso o Ministério da Saúde instituiu o penúltimo sábado do mês de novembro como o Dia Nacional de Combate à Dengue, através da Lei nº 12.235/10. A intenção é a de alertar a população e fazê-la se informar, conscientizar e evitar água parada em qualquer local em que ela possa se acumular.
Apenas 15 minutos por dia são suficientes para fazer uma varredura em casa e acabar com os recipientes com água parada. Você também pode fazer a sua parte contra o Aedes aegypti. Saiba mais sobre como combater o mosquito e os riscos que ele pode representar no site do Ministério da Saúde dedicado exclusivamente ao assunto.
O World Mosquito Program
Em 2012 a Fiocruz trouxe ao Brasil uma estratégia de pesquisa inovadora para o controle da dengue. O projeto “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil” faz parte do World Mosquito Program (WMP), uma iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global de doenças transmitidas por mosquitos.
O programa usa a bactéria Wolbachia para bloquear a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito Aedes aegypti, de forma natural e autossustentável. O objetivo é promover a substituição destes mosquitos por Aedes aegypti com Wolbachia, que têm capacidade reduzida de transmitir arboviroses como dengue, Zika, chikungunya e febre amarela.
No Brasil, as ações do programa são lideradas pela Fiocruz. Os mosquitos com Wolbachia são criados nas instalações do WMP no campus Manguinhos e liberados pela manhã pela equipe de Entomologia de Campo. Após a liberação dos mosquitos, a população de Aedes aegypti é monitorada por meio de armadilhas instaladas na casa de moradores e comerciantes locais que, voluntariamente, disponibilizam um local para esta instalação.
Os mosquitos capturados pelas armadilhas são coletados semanalmente e levados de volta para a Fiocruz, onde são separados, identificados e verificados um a um. Essa análise tem por objetivo identificar a presença da bactéria Wolbachia no organismo do mosquito e é um indicador do estabelecimento da população dos “wolbitos” (os mosquitos com Wolbachia) nas localidades atendidas pelo programa.
É importante destacar que este método não envolve modificação genética nem no mosquito, nem na bactéria. Após identificar o estabelecimento dos wolbitos, não são necessárias novas solturas destes mosquitos, pois eles mantém a população local. Por isso diz-se que este método é autossustentável.
Desde 2017, a equipe de epidemiologistas do programa faz o acompanhamento do impacto epidemiológico do WMP no Brasil e um estudo completo do impacto no Rio de Janeiro e Niterói será divulgado até 2022. Você pode saber mais sobre o World Mosquito Program acessando o site do programa (em português).
Jornalista: Thais Christ, com informações do Ministério da Saúde e do World Mosquito Program