pasteur ceara pequenoBio-Manguinhos/Fiocruz participou da inauguração do Centro Pasteur Fiocruz de Imunologia e Imunoterapia, ocorrido dia 17 de maio, em Eusébio (Ceará). O Instituto esteve, ainda, no Simpósio Pasteur-Fiocruz de Imunologia e Imunoterapia, que foi realizado de 15 a 17 de maio, no auditório do Fiocruz CearáForam discutidos temas sobre imunologia básica e translacional, imunoterapias e aplicações inovadoras na área. Estavam presentes pesquisadores destes e de outros institutos que atuam na área de desenvolvimento de imunobiológicos. Representando Bio-Manguinhos, estavam presentes o vice-diretor de Inovação, Ricardo de Godoi, e sua assessora, Cintia Nunes, o vice-diretor de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Artur Couto, e o assessor de Inovação Tecnológica, Marco Alberto Medeiros. 

O Centro Pasteur Fiocruz de Imunologia e Imunoterapia ficará localizado onde era a Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 (UNADIG), situado no campus da Fiocruz Ceará, polo industrial e tecnológico da Saúde (PITS), em Eusébio, município localizado na Região Metropolitana de Fortaleza. O Instituto Pasteur vem se aproximando para trabalhar em conjunto com Fiocruz Ceará e Bio-Manguinhos nos últimos anos, já que a Fiocruz faz parte da Rede Pasteur. A governança desse centro vai ser compartilhada. Assumirão a Coordenação científica do Centro de Imunologia e Imunoterapia - Fiocruz/Pasteur, a pesquisadora Caroline Pereira Bittencourt Passaes, conselheira científica regional do Instituto Pasteur e o pesquisador da Fiocruz Ceará, João Hermínio Martins da Silva. 

Ricardo de Godoi enaltece a importância da parceria entre Bio e Pasteur, que fortalece a inovação e o desenvolvimento tecnológico no país. “A implantação do Centro, bem como do laboratório de Bio-Manguinhos na Fiocruz Ceará, é resultado de um planejamento de longo prazo e ocorre em alinhamento às perspectivas de implantação da planta de produção de IFA de biofármacos no empreendimento. Essa articulação da pesquisa, desenvolvimento tecnológico e produção busca fortalecer um ciclo virtuoso de desenvolvimento regional e nacional, agregando agora a ampla experiência do Instituto Pasteur na geração de conhecimento translacional”. 

"O Simpósio foi muito positivo para aproximar pesquisadores que se encontram geograficamente distantes, mas que são muito próximos em termos de expertise. Além disso, o encontro abre novas possibilidades, como de submissão de projetos pensados a partir dessas discussões", complementou João Hermínio. 

O Simpósio começou com as boas-vindas da coordenadora da Fiocruz Ceará, Carla Freire Celedonio Fernandes, seguida por uma apresentação sobre Imunoterapia para doenças neurodegenerativas, feita por Luis Barbeito, do Instituto Pasteur de Montevidéu, e mediada pelo pesquisador da Fiocruz Wilson Savino. A primeira mesa redonda do Simpósio foi dedicada à Imunologia, com a participação de Daniele Macedo, da Universidade Federal do Ceará, Florencia Palacios, do Instituto Pasteur de Montevidéu, e Patrícia Braga, do Instituto Pasteur de São Paulo. 

Após o debate, houve uma roda de conversa com jovens pesquisadores, moderada pelo pesquisador Roberto Nicolete, da Fiocruz. Ana Maria Caetano de Faria, diretora do Departamento de Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ministrou uma palestra sobre o Impacto da imunossenescência no desfecho da covid-19. A segunda mesa, voltada à Imunoterapia, teve como convidados Martín Bonamino, pesquisador do Instituto Nacional de Câncer e da Fiocruz, James Di Santo, do Instituto Pasteur, e Caroline Passaes. O debate foi mediado por Andrea Maranhão, professora da Universidade de Brasília (UnB).  

A última mesa do Simpósio também debateu sobre Imunoterapia e contou com a presença de Carla Freire Celedonio Fernandes, Pierre Lafaye, do Instituto Pasteur, João Hermínio Martins da Silva, Marco Alberto Medeiros e José Carlos Farias Alves Filhos, da Universidade de São Paulo (USP). A moderação foi feita pelo Martín Bonamino.

 

Projeto de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Pasteur e USP 

No final do ano passado, foi aberta uma chamada de propostas de projetos envolvendo a Fiocruz, a Rede Pasteur e a Universidade de São Paulo (USP). O principal objetivo era facilitar as colaborações em áreas prioritárias de pesquisa e programas de saúde pública.  Foram contemplados dois projetos selecionados pelo Comitê Científico das três instituições, sendo um deles "Anti-Integrin VLA-4 antibodies: proof-of-concept of an innovative immunotherapeutic approach in neuroinflammatory diseases", cujo coordenador na Fiocruz é Marco Alberto Medeiros; Sabrina Marion, por parte do Pasteur; e José Carlos Farias Alves Filho, pela USP. 

Marco Alberto explica que esta é uma iniciativa estratégica para o desenvolvimento de um anticorpo anti VLA4 contra doenças neuroinflamatórias, como esclerose múltipla e distrofia muscular. Ele fala sobre o anticorpo monoclonal natalizumabe, que é um tratamento de segunda linha oferecido pelo SUS, que possui um alto custo (cerca de 2000 euros/dose). “É um desafio, pois 30% dos pacientes não respondem a esse tratamento e, como e eventos adversos, temos perda de memória, problemas de visão e mudanças de personalidade. O que nos levou a desenvolver uma nova abordagem, utilizando um IgG4 anti-VLA-4 completo. Dessa forma, teremos uma meia-vida mais longa e maior solubilidade e estabilidade. Para isso, utilizamos a plataforma de produção da linha celular CHO em Bio-Manguinhos. Os experimentos confirmaram a especificidade do anti-VLA-4”, explicou. 

Em sua apresentação, mostrou que fez a prova de conceito in vitro com ensaios funcionais comparativos entre natalizumabe e IgG4 anti-VLA-4. “Tivemos como resultado a resposta comparável à molécula comercial. Os ensaios comprovaram maior seletividade do anti-VLA-4 em relação ao natalizumabe e menor produção de IL-2 em comparação ao natalizumabe, o que pode estar relacionado a menos efeitos indesejáveis”, completou. 

Marco Alberto adiantou quais serão os próximos passos do projeto. “Faremos a prova de conceito in vivo em modelo animal para esclerose múltipla em cobaias da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP. Depois, realizaremos a análise transcriptômica unicelular de células imunes e cerebrais de cobaias submetidas EAE tratada com os novos mAbs anti-VLA-4, para obter insights sobre o impacto mecanicista da nova imunoterapia no Institut Pasteur de Lille (IPL)”, concluiu.

 

O Centro Pasteur Fiocruz de Imunologia e Imunoterapia 

O Centro colaborará estreitamente com Bio-Manguinhos/Fiocruz, por meio de um laboratório de pesquisa e desenvolvimento que está em estruturação. O Centro também vai trabalhar em parceria com universidades, institutos de pesquisa e empresas públicas ou privadas.

O Centro tem três áreas científicas prioritárias: câncer; doenças infecciosas e negligenciadas; e doenças autoimunes, neurodegenerativas e inflamatórias. Entre os projetos patrocinados pelo Centro estão o desenvolvimento de inibidores para tratamento de doenças neurodegenerativas; o desenvolvimento de conjugados anticorpo-fármacos; o desenvolvimento de fragmentos de nanocorpos/anticorpos para doenças tropicais negligenciadas; células CAR-T; e imunoterapias para melhorar as funções das células T para combater doenças infecciosas.

Assista ao vídeo sobre o centro. 

Jornalista: Gabriella Ponte (com informações da Agência Fiocruz de Notícias)
Imagem: Acervo/Bio-Manguinhos

 

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