img innovation hubComo de costume, o Innovation Hub faz parte da programação do International Symposium on Immunobiologicals (ISI) e desperta a curiosidade dos participantes. Na oitava edição, o tema debatido foi “Fundações para pesquisa translacional e parcerias para acelerar o desenvolvimento tecnológico de produtos biológicos”. A chair foi Leda Castilho, professora da UFRJ, lotada no Programa de Engenharia Química da COPPE, onde coordena o Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC).

Leda iniciou a sessão comentando que o evento acontece em um momento no qual a inovação no setor de biológicos vem ganhando um impulso concreto para o desenvolvimento de produtos biológicos nacionais, mais especificamente em IFAs, não sendo mais um mero importador de tecnologia estrangeira. “Isso é resultado de políticas públicas que foram construídas em 2007/2008 pelo Ministério da Saúde e BNDES, conhecidas com as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs). Bio-Manguinhos é um grande exemplo disso, fornecendo diversos biológicos para o SUS e, em consequência, há a criação de infraestrutura, expertise e plantas fabris. Gostaria de ver mais desenvolvimento autóctone desses produtos, com tecnologia brasileira”.

Sandra Dias, líder da Divisão de Biologia Integrativa do Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) ministrou a palestra “CNPEM: ciência de ponta para enfrentar os desafios globais da saúde”. Ela apresentou Sirius, que é a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no País. Este equipamento de grande porte usa aceleradores de partículas para produzir um tipo especial de luz, chamada, luz síncrotron. Sirius permite que centenas de pesquisas acadêmicas e industriais sejam realizadas anualmente, por milhares de pesquisadores, contribuindo para a solução de grandes desafios científicos e tecnológicos, como novos medicamentos e tratamentos para doenças.

Além disso, ela contou que o Brasil sediará o primeiro laboratório de biossegurança máxima da América Latina. Localizado no Complexo Orion, a estrutura do tipo NB4 permitirá estudo e manipulação de vírus com alto risco de transmissão e mortalidade. “Esse laboratório será focado no desenvolvimento de métodos diagnósticos, vacinas, medicamentos e estratégias epidemiológicas para fortalecer o sistema de saúde brasileiro e, ao mesmo tempo, promover a soberania nacional para enfrentar os desafios na área da saúde”, explicou.

O vice-diretor de Inovação de Bio-Manguinhos, Ricardo de Godoi, ministrou uma palestra sobre a Planta Protótipo do Instituto, fazendo um panorama das parcerias tecnológicas e inovação. “A intenção é atuarmos globalmente, cada vez mais. Nós fechamos parcerias desde a fundação do Instituto e, com elas, ganhamos uma expertise única na área de imunobiológicos. Além das transferências de tecnologia, também atuamos em desenvolvimentos próprios e pesquisas clínicas”, destacou.

Ele apontou que o objetivo principal da Planta Protótipo de Bio-Manguinhos é apoiar atividades em escala piloto cGMP relacionadas a P&D, transferências de tecnologia e melhorias no processo de produção de vacinas, produtos biofarmacêuticos e produtos de terapias avançadas. A planta tem capacidade de realizar a produção de API (upstream e downstream), processamento final (formulação, envase, liofilização, rotulagem e embalagem) e o controle do processo. A planta é composta pelo laboratório piloto de eucariontes, procariontes e processamento final.

O líder da divisão de Desenvolvimento Global de Produtos na Bharat Biotech, Raches Ella, apresentou a palestra “Infraestrutura para acelerar a inovação em vacinas”. Ele falou do desenvolvimento da primeira vacina indígena contra a covid-19 da Índia, na plataforma de vacina inativada. “Quando testada, seu perfil de segurança foi aceito. Utilizamos vários periódicos revisados por pares. Foram entregues mais de 455 milhões de doses. Conseguimos desenvolver o imunizante em tempo recorde porque já tínhamos uma infraestrutura preparada e uma expertise na área”.

Ele afirmou que a Bharat Biotech tem diversas plataformas tecnológicas, incluindo a plataforma de produção de células vero. “Estão em desenvolvimento vacinas inativadas para zika, chikungunya, sIPV e BBV152. Algumas delas, estão em estudos clínicos de fase 3 e 4 ao redor do mundo”. Ele também mostrou a primeira vacina intra-nasal licenciada para covid-19. “Esse imunizante, as células imunológicas expressam proteína Spike de pré-fusão (estabilizada) e o corpo produz anticorpos contra as proteínas Spike. Se infectado, o sistema imunológico previne a infecção por SARS-COV-2 no trato respiratório superior e inferior, bloqueia o portador da doença e interrompe a transmissão da infecção. Mesmo depois de obter o registro, ainda continuamos trabalhando em cima das variantes de interesse”, concluiu.

Texto e imagem: Gabriella Ponte

 

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