img vsrQuem tem criança pequena em casa já sabe: basta o inverno chegar para que as visitas ao hospital se tornem mais frequentes. São os vírus respiratórios que se tornam mais comuns nesta época do ano. Quem nunca ouviu falar de alguma criança próxima que teve bronquiolite? Mas o que nem todo mundo sabe é que um dos maiores vilões do inverno não é perigoso apenas para os pequenos.

Apesar de ser mais comum em bebês e crianças, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) pode afetar pacientes em todas as faixas etárias, especialmente idosos e imunossuprimidos. O pneumologista do Departamento de Assuntos Médicos de Bio-Manguinhos, Dr. Bruno Antunes, nos explica um pouco mais sobre esse vírus, responsável por grande parte das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) de acordo com o Boletim Infogripe, iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que monitora e apresenta dados sobre a SRAG no Brasil:

Dr. Bruno, o que é o vírus sincicial respiratório e por que a gente tem que se preocupar com ele?
O vírus sincicial respiratório é um vírus transmitido a partir das vias respiratórias, por meio de gotículas de saliva de outras pessoas que estão infectadas. Ele provoca danos nas respiratórias que ficam inflamadas e isso provoca uma dificuldade na respiração dos pacientes. Esse é um vírus que costuma acometer os extremos da idade: ele gosta das crianças bem pequenininhas e gosta dos idosos. Não significa que os adultos não tenham. Os adultos também têm a doença provocada pelo VSR, mas são quadros mais brandos, como se fosse simplesmente um resfriado, com poucos sintomas. Mas em crianças pequenas e após os 60 anos os casos costumam ter mais sintomas e com um pouco mais de gravidade.

E que sintomas são esses, doutor?
Esses sintomas podem ser, como eu falei, sintomas de um resfriado: um pouco de coriza, um mal-estar, uma febre, uma tosse, até quadros mais graves, onde vai haver realmente uma tosse mais importante, uma falta de ar, e, muitas vezes, até desenvolver quadros de dificuldade respiratória, com baixa da oxigenação, um esforço respiratório muito importante, que necessitem de internação. É um universo de sintomas que pode variar muito, dependendo de quem estiver infectado pela doença.

Tem alguma forma da gente se prevenir contra esse vírus?
Tem. Como esse é um vírus transmitido por via respiratória, é muito importante a gente tomar cuidado com quem tiver com sintoma respiratório à nossa volta. Então, quando eu estiver com sintomas respiratórios, a maneira que eu posso proteger os outros é através da utilização de máscaras, higienização das mãos, e procurar não estar dentro de ambientes totalmente fechados, porque isso favorece o contágio de outras pessoas. Agora, enquanto pessoa que não está doente, eu preciso também me atentar para esses cuidados de higienização das mãos, evitar ter um contato muito próximo com quem eu identifique que está doente.

Por que o vírus sincicial respiratório é um dos vilões por trás do aumento dos casos de SRAG nesta época do ano?
Isso é por conta da sazonalidade deste vírus, o período em que ele tem maior circulação na população. O vírus sincicial respiratório aparece em grande número de casos e diminui conforme a passagem do ano. Então, o período que vai do início do outono até o inverno é onde tem a maior circulação desse vírus e é um período até que a gente está passando, que a gente vê um aumento de número de casos. Esse aumento já é, de certa forma, esperado. Por isso a gente tem que ter mais atenção e tomar as medidas de proteção contra o contágio.

Existe alguma causa para que o vírus sincicial respiratório fique um pouco mais intenso nessa época do ano?
Sim. Essa época do ano é a época mais fria, em que as pessoas costumam ter contatos mais próximos, ficar em ambientes mais fechados. Então isso favorece uma maior circulação deste e de outros vírus entre a população, o contágio interpessoal. Então é esperado de fato que haja esse aumento do número de casos.

Pra finalizar, o que a população precisa saber a respeito do vírus sincicial respiratório?
A população precisa conhecer o vírus sincicial. Ele é um vírus que não falamos muito, mas a gente devia falar bastante dele. Só esse ano já foram mais de 100 mil casos identificados deste vírus. Muitas vezes ele não é identificado porque casos com poucos sintomas podem passar sem uma testagem. Mas foram 100 mil casos, aproximadamente, de doentes que precisaram de alguma assistência de saúde, foram testados. Nestas últimas quatro semanas esse vírus representou em torno de quase 40% dos casos de vírus isolados por síndrome respiratória aguda grave, um quadro em que o paciente tem muitos sintomas respiratórios, demanda internação, muitas vezes vai demandar um cuidado de saúde, de UTI. Então, são quadros bem significativos e precisamos estar ciente da existência desse vírus e atento para proteger as populações mais vulneráveis. Então é importante que a população conheça e saiba da existência desse vírus: saber que é necessário a higienização de mãos, o uso de máscara quando estivermos com sintomas. Porque nos adultos pode não ser um quadro grave, mas numa criança pequena, num idoso, que são populações mais frágeis, esse vírus pode levar a um quadro grave com potencial até de óbito.

 

Texto: Thais Christ
Imagem: IA

 

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