De 29 de outubro a 1º de novembro, o auditório do Centro Administrativo Vinícius Fonseca, em Bio-Manguinhos/Fiocruz, recebeu cientistas, profissionais, estudantes e representantes de outras instituições, que participaram de workshops e palestras, trocaram conhecimentos e compartilharam pesquisas e experiências em bioproteção, biossegurança e qualidade. Essa foi a primeira edição do Simpósio de Biossegurança e Bioproteção da instituição.
No primeiro dia de evento, os participantes que se inscreveram em um dos oito workshops puderam discutir sobre assuntos importantes para o desenvolvimento tecnológico e científico de laboratórios de alta contenção biológica, para a minimização de risco biológico, para a implementação de ciberbioproteção na rotina dos profissionais, e, ainda, debateram sobre os desafios da identificação de micro-organismos na indústria farmacêutica, do ciclo de vida do método analítico e da qualificação de projetos.
A abertura do simpósio aconteceu no dia 30 de outubro e contou com a presença da vice-diretora de Qualidade de Bio, Rosane Cuber, do coordenador da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Rubens Nascimento, do presidente da Comissão Técnica de Biossegurança e Bioproteção da Fiocruz, Wim Degrave, do presidente da Sociedade Brasileira de Biossegurança e Bioproteção, Cláudio Mafra, da representante da Comissão de Biossegurança em Saúde do Ministério da Saúde, Nínive Aguiar, da chefe do Departamento da Garantia da Qualidade de Bio, Vanessa da Silveira, e da pesquisadora da Assessoria de Biossegurança de Bio, Andressa Guimarães.
De acordo com Rosane Cuber, o evento tem como propósito principal o de formar e qualificar profissionais e líderes para atuação em ambientes de alta contenção, com debates estratégicos sobre o futuro do setor: “Os profissionais da indústria farmacêutica devem ter um sólido entendimento das práticas de biossegurança, que incluem a manipulação segura de agentes biológicos para evitar contaminações e proteger a saúde dos trabalhadores e do ambiente. Já na bioproteção, é essencial garantir que materiais biológicos sejam protegidos contra uso indevido ou liberação intencional, mantendo a segurança física e a integridade dos dados, e, quanto à qualidade, é necessário seguir rigorosamente as boas práticas de fabricação, controlar os processos e validar os métodos para assegurar que os produtos atendam aos padrões regulatórios e de segurança, garantindo a eficácia e a confiabilidade dos imunobiológicos”, ressaltou.
No evento, também estiveram presentes palestrantes internacionais, que apresentaram as suas pesquisas em biossegurança e bioproteção. Kurt Zuelke e Stephen Prince, da instituição Global Health Research Complex (GHRC), da Universidade A&M, no Texas, falaram sobre o modelo de operação e negócios da instituição, que privilegia a criação de equipes multidisciplinares capazes de entregar resultados de projetos em ambientes de alta contenção biológica. "Em outubro desse ano, tivemos conquistas importantes como a customização de modelos de grandes animais para soluções cirúrgicas e tecnológicas inovadoras para lesões humanas, treinamento e desenvolvimento das equipes envolvidas nos projetos e mapeamentos avançados do SARS-CoV-2”, explicou Zuelke. Além deles, Renata Landers, também da GHRC, apresentou a rede de laboratórios de alta contenção dos Estados Unidos, Anna Skorupski, da Universidade de Pittsburgh, explicou sobre os requisitos de alta contenção biológica em experimentação com primatas não humanos, e Miguel Grimaldo, da Universidade de Medicina do Texas, que trouxe suas experiências em descontaminação de áreas e de efluentes em ambientes de alta contenção biológica. Os palestrantes nacionais do MAPA e do Instituto de Biologia do Exército também contribuíram com suas experiências.
No último dia do simpósio, especialistas de biossegurança do CNPEM - Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, apresentaram o projeto ORION, o novo complexo laboratorial que vai contar com o primeiro laboratório NB4 brasileiro. Nesse mesmo dia, as experiências da Fiocruz com laboratórios de alta contenção biológica foram apresentadas. A pesquisadora da Assessoria de Biossegurança de Bio, Andressa Guimarães, o gerente do Laboratório de Ensaios Pré-Clínicos - LAEPC, Rodrigo Muller, e o gerente de engenharia da Divisão de Projetos (Dipro), Thyago Alves Furtado, foram os representantes de Bio-Manguinhos para explanarem suas experiências nos laboratórios de alta contenção da unidade.
Para o fechamento do evento, houve o lançamento da proposta de uma Aliança Nacional para Ambientes de Alta Contenção Biológica pela pesquisadora da Assessoria de Biossegurança de Bio, Andressa Guimarães, e pelo assessor de Biossegurança e Bioproteção da Instituição, Arthur Stuart, que informaram que a aliança incentivará um ambiente de colaboração e troca de conhecimento entre os profissionais da área de alta contenção biológica.
De acordo com Andressa, a proposta da criação da Aliança veio da percepção de especialistas sobre a necessidade de consolidar, expandir e fortalecer o conhecimento e as práticas nas áreas de biossegurança e bioproteção em ambientes de alta contenção biológica, colaborando para o avanço científico e tecnológico do país: "A ideia é que a aliança atue em diversas áreas relacionadas à biossegurança e bioproteção de ambientes de alta contenção biológica, cujos membros sejam pesquisadores, profissionais de saúde, biossegurança, engenheiros, entre outros especialistas”.
Foram quatro dias muito produtivos nas temáticas de biossegurança, bioproteção e qualidade. A troca de conhecimentos e experiências com especialistas das áreas permitiu um aprofundamento significativo em práticas essenciais para a segurança e a excelência no trabalho. Esse período foi marcado por discussões enriquecedoras e oportunidades valiosas de aprendizado, fortalecendo o compromisso de Bio-Manguinhos com a proteção e a qualidade nos seus processos.
Jornalista: Helouise Costa
Imagem: Marcos Afonso