O International Symposium on Immunobiologicals (ISI), evento científico internacional promovido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), tem se consolidado como uma plataforma essencial para a troca de conhecimentos e avanços no campo dos imunobiológicos.
Em sua 9ª edição, que ocorrerá em 2025, o ISI continua a abordar temas cruciais, como vacinas, biofármacos, reativos para diagnóstico, além de discutir questões relacionadas ao desenvolvimento tecnológico, produção e gestão desses produtos. A submissão de trabalhos científicos nesse evento não apenas enriquece o campo da pesquisa, mas também contribui diretamente para a saúde pública, refletindo na melhoria das condições de saúde da população.
Ao longo das edições anteriores do ISI, alguns trabalhos tiveram um impacto significativo na prática e na política de saúde pública no Brasil e em outras partes do mundo. No I Seminário Anual Científico e Tecnológico em Imunobiológicos (SACT) de 2013, Paulo Cesar Dick apresentou um estudo que visava aumentar o prazo de validade da vacina contra a febre amarela de 24 para 36 meses. A proposta foi estratégica: ao ampliar a validade, seria possível reduzir o desperdício e aumentar a capacidade de oferta da vacina, sem comprometer sua qualidade. Esse trabalho teve repercussão internacional, pois a vacina contra a febre amarela é distribuída não apenas no Brasil, mas também pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para países da América Latina e da África. Em 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou a validade estendida de 36 meses, um avanço importante para o controle dessa doença e para a gestão de estoques de vacinas em diferentes regiões.
Um exemplo similar aconteceu na edição de 2014, o trabalho de Patricia Alvarez Baptista, premiado no II SACT, demonstrou a importância da incorporação do alvo do vírus da hepatite B (HBV) no Kit NAT brasileiro produzido por Bio-Manguinhos. O Kit NAT, que já detectava o HIV e o HCV, passou a identificar também o HBV, aumentando a segurança dos testes realizados nos hemocentros brasileiros. A partir de 2015, com a introdução dessa inovação, o risco de transmissão do vírus da hepatite B por transfusão de sangue foi significativamente reduzido. A obrigatoriedade do uso do teste NAT em todos os bancos de sangue no Brasil desde 2013 tem sido um marco na segurança transfusional, e a inclusão do HBV foi um passo importante para aprimorar ainda mais essa medida de proteção à saúde pública.
Mais um exemplo ilustra claramente como a pesquisa científica no ISI vai além de gerar conhecimento acadêmico, eles mostram como os resultados desses estudos têm um impacto direto e positivo na saúde pública brasileira. Em 2017, Caroline Moura Ramirez, do Laboratório de Febre Amarela (Lafam), apresentou um estudo sobre a otimização da produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da vacina contra a febre amarela. O trabalho resultou em um aumento significativo da capacidade produtiva da vacina, que passou de 60 milhões para 107 milhões de doses anuais, quase dobrando a produção com metade da quantidade de ovos embrionados. Essa inovação foi aprovada pela ANVISA em 2024 e teve um impacto direto na ampliação da oferta de vacinas para o Brasil e para o mercado internacional, especialmente em tempos de surtos de febre amarela.
A participação de pesquisadores e profissionais na submissão de trabalhos científicos no ISI é fundamental não só para o avanço científico, mas também para que esses avanços cheguem a quem mais precisa: a população.
Inscreva-se e submeta seu trabalho: Home - International Symposium on Immunobiologicals
Jornalista: Marcela Dobarro
Imagem: Bernardo Portella