Bio-Manguinhos/Fiocruz participou da celebração da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) do infliximabe na Bionovis, no dia 10 de fevereiro, em Valinhos (SP). O evento marca um avanço histórico para a indústria de biotecnologia brasileira, reforça o compromisso do país com a autonomia produtiva de medicamentos biológicos com uma experiência de sucesso na Política Estruturante das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP).
Estavam presentes o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alchmin, Bio-Manguinhos, autoridades do Ministério da Saúde, incluindo representantes do Departamento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde e de Inovação para o SUS (DECEIIS), Janssen, Finep e Brasil Farma. Com a aprovação, a Bionovis passa a ter condições de produzir 100% do IFA deste medicamento para o país, iniciativa em consonância com a Missão 2 da Nova Indústria Brasil (Complexo Econômico-Industrial da Saúde), de elevar de 45% (nível atual) para 50% até 2026, e a 70% até 2033 a produção nacional das necessidades do país de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde.
“Esse dia é histórico. Isso é um grande salto científico para o Brasil, que é a produção de anticorpos monoclonais. Nós importamos praticamente 95% dos IFAs, que são os imunobiológicos”, comemorou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.
Durante a solenidade, a chefe de gabinete de Bio-Manguinhos, Tatiana Sanjuan, agradeceu o convite e reconheceu a importância da parceria estratégica que vem sendo consolidada ao longo de mais de uma década. "Esse momento é uma conquista coletiva, fruto da dedicação incansável dos profissionais de Bio-Manguinhos, da Bionovis e da Janssen. Mostra que, quando setores público e privado se unem em prol de um objetivo maior, conseguimos avançar significativamente na garantia de um sistema de saúde acessível e sustentável para a população brasileira", destacou.
A unidade da Fiocruz possui um portfólio diversificado de imunobiológicos, incluindo dez biofármacos fundamentais para o Sistema Único de Saúde (SUS), entre eles o infliximabe, medicamento essencial para pacientes com doenças autoimunes. A parceria com a Bionovis e a Janssen, firmada em 2014, permitiu avanços importantes na produção nacional do biofármaco, superando desafios, inclusive durante a pandemia de covid-19, quando Bio-Manguinhos readequou processos produtivos para garantir a fabricação da vacina contra o vírus e, ao mesmo tempo, manter a produção do infliximabe.
Desde então, mais de 3,4 milhões de frascos do medicamento foram entregues ao Ministério da Saúde. O infliximabe é utilizado para tratar pacientes com doença de Crohn, colite ou retocolite ulcerativa, artrite reumatoide, espondilite anquilosante, artrite psoriásica e psoríase, entre outras. Serão fornecidos, em média, 260 mil frascos do medicamento por ano.
A conquista também impulsiona o futuro da biotecnologia no país. Um exemplo desse avanço é a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS) de Bio-Manguinhos, no Rio de Janeiro, que terá capacidade para produzir até 120 milhões de frascos de vacinas e biofármacos por ano. O empreendimento será o maior da América Latina nesse segmento e um dos mais modernos do mundo, consolidando o Brasil como referência global na produção de biofármacos.
Com a nacionalização do IFA do infliximabe, o Brasil fortalece sua capacidade produtiva e reduz a dependência externa de biofármacos, garantindo maior previsibilidade no fornecimento do medicamento a milhares de pacientes. “Bio-Manguinhos segue comprometida em contribuir para o fortalecimento do SUS e a ampliação do acesso a tratamentos de alta complexidade para a população brasileira”, complementou Tatiana.
“O que estamos fazendo somente foi possível por conta de uma política de estado que se insere no Complexo Industrial da Saúde”, disse o presidente da Bionovis, Odnir Finotti. “O SUS, na verdade, é o grande sustentáculo do que nós estamos fazendo aqui. A política de estado disse, quando foi feito o desafio para nós e que foi aceito por nós: façam, que o governo faz a aquisição dos produtos”, comentou.
Jornalista: Gabriella Ponte (com informações do MDIC)
Imagem: Acervo Ascom e Cadu Gomes - VPR