“Foram dez anos de desafio com a absoluta certeza de que só foi possível vencer porque apostamos em um processo de construção coletiva”, destaca. Para comemorar os 40 anos de existência do PNI, foi realizado, no Senado Federal, em 4 de setembro, o fórum Construindo um País mais Saudável - 40 Anos do Programa Nacional de Imunizações. O diretor de Bio-Manguinhos, Artur Couto, representou a unidade na comemoração.
Lembranças
Era 20 de janeiro de 1995, quando a médica recebeu o convite para capitanear o projeto e morar na capital federal. “Deixava marido e três filhos com 8, 12 e 14 anos de idade. Vivi em um hotel por quatro anos”, relembra, com emoção. Um dos primeiros desafios de Lurdinha à frente do programa foi a Campanha Nacional contra a Pólio, pois era preciso consolidar uma rotina de vacinação. “Com um país continental e com realidades tão diferentes, como fazer”? se questionava.
Foi então que teve a ideia de estimular o intercâmbio entre profissionais comprometidos com a imunização, em diferentes estados. “O que eu desejava era uma troca de saberes, pois todos nós temos a aprender e a ensinar. O coordenador de São Paulo adotou um estado da região Norte, Santa Catarina um do Nordeste, Alagoas foi para Rondônia e assim se construiu uma rede de saberes, sem constrangimentos”, explica.
Uma construção (de todos)
Para ela, este processo levou ao amadurecimento de coordenadores de imunizações dos estados com diferentes conhecimentos de gerenciamento e a consequente superação de diversos desafios. Com este aprendizado, foi natural a formação de um grupo de supervisores. “Era incrível ver um profissional de São Paulo aprender com a realidade do Acre, era a construção coletiva do saber”, orgulha-se.
Lurdinha visitando Cachoeiras, com a equipe do PNI, em 2004 - Imagem: Acervo Pessoal
Tendo acompanhado a construção da Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi), a médica relembra o momento em que ocorreu o transporte das vacinas da Companhia Brasileira de Armazenamento (Cibrazem) para o novo espaço com orgulho. “O transporte foi feito com caminhões frigoríficos portando faixas laterais onde se lia ‘ transportando vacinas para o Brasil’, tendo à frente batedores do Exército", conta.
Como grandes parceiros, ela destaca a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e os engenheiros da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que deram suporte ao projeto de estruturação da Rede de Frio no país e a Aeronáutica, responsável por levar vacinas às áreas restritas, por via fluvial. “Assim foi criada a Operação Gota. Era uma festa! Tínhamos que dar condições ao anônimo vacinador, aquele que faz acontecer”, destaca.
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Jornalista: Isabela Pimentel