‘Ratos baratos são necessários para estudar’
Em 1902, uma epidemia de peste bubônica fez com que Oswaldo Cruz criasse um agrupamento que passou a percorrer os bairros do Rio espalhando raticida e removendo lixo. Eles também foram autorizados a pagar cem réis por bicho morto entregue pela população. A iniciativa gerou um comércio de ratos, inclusive com criadouros dos roedores.
Das várias melodias compostas sobre o assunto, destaca-se Rato, rato, rato, de Casemiro da Rocha, que recebeu letra de Claudino Costa.
Rato, rato, rato
Autor: Casemiro Rocha e Claudino Manoel da Costa | Intérprete: Claudino Manoel da Costa
Ouça a musica e acompanhe a letra
Rato, rato, rato
Assim gritavam os compradores ambulantes
Rato, rato, rato,
Para vender na academia aos estudantes
Rato, rato, rato
Dá bastante amolação
Quando passam os garotos, todos rotos
A comprar rato, capitão
Quem apanha ratos?
Aqui estou eu para comprar, para comprar
Ratos baratos
São necessários para estudar, para estudar
Já que vens saber
Que este viver é minha sina
Rato, rato, rato, rato
Na parada da vacina
Rato, rato, rato
Só se vê aqui no Rio de Janeiro
Rato, rato, rato
Quem os tiver já não passa sem dinheiro
Rato, rato, rato
É a nossa salvação
Pra esses nossos malandrotes não passarem
Todo dia sem o pão
Tem vendedor que compra ratos
Nunca tive um casamento
Nem procuro trabalhar
Ratos quando estou em casa estou prendendo
Ratos que no outro dia estou vendendo
Com (...) que é desconhecido
Nem por isso meu negócio assim produz
Tem que trazê-lo na memória,
O belo tempo de glória, dr. Oswaldo Cruz
Rato, rato, rato
Assim gritavam os compradores ambulantes
Rato, rato, rato,
Para vender na academia aos estudantes
Rato, rato, rato
Dá bastante amolação
Quando passam os garotos, todos rotos
A comprar rato, capitão (?)
‘Mestre Oswaldo vai dar cabo da maldita’
Entre 1897 e 1906, estima-se que pelo menos 4.000 imigrantes tenham morrido vítimas da febre amarela no Rio de Janeiro, levando a cidade a ser conhecida como “túmulo de estrangeiros”.
Apoiando-se na descoberta do cubano Carlos Finlay de que a doença era transmitida pelo Aedes aegypti, em 1903 Oswaldo Cruz formou brigadas de mata mosquitos e fixou a meta de livrar a cidade da febre amarela até 1907.
Os resultados foram mais que satisfatórios: no primeiro semestre de 1903, ocorreram 469 mortes por febre amarela. No mesmo período de 1904, os óbitos foram reduzidos para 39. Em 1906, o Rio de Janeiro estava livre da doença.
Febre amarela, interpretada aqui por Geraldo Magalhães, retrata o otimismo com a obtenção da meta sem perder o humor, ironizando Oswaldo Cruz por supostamente estar comprando “esqueleto de mosquito”, assim como havia feito com os ratos.
Febre amarela
Intérprete: Geraldo Magalhães
Ouça a música e acompanhe a letra
Hoje em dia em falso rente (?)
Acabou-se a sua guerra
Do senhor, seu Presidente
Não há mais febre amarela
Entornou-se todo o caldo
E o mosquito já não grita
Porque o grande mestre Oswaldo
Vai dar cabo da maldita
Foi-se (...Inaudível...),
Foi de embrulho,
Foi de embrulho a passeata
Um manata fez barulho,
Arrumou-se a grande lata
Diz o Oswaldo da amarela
Que lhe tira o seu topete
Antes de 7 de março
De 907
(Ri)
Pois compra sempre o Oswaldo
Por subir com o figurão
Ratos 300 réis
Camundongos a tostão
Isso todo vale cobre
E o micróbio lança grito
Porque o Oswaldo anda comprando
Esqueleto de mosquito
Fiz economia, fiz barulho
Foi de embrulho, passeata,
Um manata fez barulho,
Arrumou-se a grande lata
Diz Oswaldo da amarela
Que lhe tira o seu topete
Antes de 7 de março
De 907
(Ri)
Que ela acaba ou não acaba
Se apertar muito as varetas
Machucar todo o micróbio
Eu estou vendo as coisas pretas
Quero o tal mata-mosquito
Pra que não se faça feio
Que se bote (...........)
Que tem mais de metro e meio
E a economia foi de embrulho
Foi de embrulho, passeata
Um manata fez barulho,
Arrumou-lhe a grande lata
Diz Oswaldo da amarela
Que lhe tira o seu topete
Antes de 7 de março
De 907
Jornalista: Paulo Schueler. Imagens: Arquivo Fiocruz