O vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico de Bio-Manguinhos, Sotiris Missailidis, representou o Instituto em evento do grupo britânico The Economist – que edita revista do mesmo nome – sobre o “ecossistema de vacinas”.
Realizado em 9 de fevereiro sob o tema “Rumo a um ecossistema de vacinas mais forte: construindo resiliência além da COVID-19”, o evento foi fechado ao público e reuniu representantes da indústria farmacêutica e organismos multilaterais de todo o mundo.
A conversa entre especialistas faz parte da iniciativa “O ecossistema de vacinas”, organizado pela The Economist para “promover um ecossistema de vacinas sustentável, examinando e reimaginando elementos críticos para o desenvolvimento, a implementação e a adoção de vacinas”.
Foram abordados estudos de caso, com exemplos de sucesso e também de fracasso, de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de produtos para a COVID-19 que podem fortalecer projetos para outros agravos; o desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19 e suas semelhanças e diferenças para outras vacinas de uso rotineiro, além do o impacto de longo prazo da pandemia nos processos de desenvolvimento tecnológico.
“O evento foi muito interessante e de grande importância, pois abordou as políticas nacionais e multilaterais na alavancagem do Desenvolvimento Tecnológico, incluindo infraestrutura, financiamento, parcerias, a atuação das agências regulatórias com nossa atividade e o relacionamento global entre elas, além de uma melhor organização dos estudos clínicos, dentre outros temas”, ressaltou Missailidis.
De acordo com o vice-diretor, “estes temas foram abordados e correlacionados com outros pilares, como os de produção/manufatura, o financiamento e o estabelecimento de preços das vacinas, sua distribuição e a logística para isto, bem como a aceitação do público para sua utilização”, comentou.
Em resumo, a The Economist pretende consolidar análises e recomendações sobre os seguintes itens:
● Monitoramento e vigilância de ameaças emergentes de saúde pública, sob a perspectiva de Saúde Única (One Health), que engloba aspectos climáticos/de ecossistemas, de zoonoses, etc;
● Atendimento às necessidades iniciais de P&D, nas bancadas de laboratórios;
● O fortalecimento da coordenação com os órgãos reguladores;
● O aprimoramento do design das pesquisas clínicas e o gerenciamento de dados para colaborar com a formulação de políticas públicas; e
● A vinculação da P&D a outros pilares, como aumento da produção, a garantia da disponibilidade de armazenamento adequado, os mercados de seringas e frascos, etc.
“Houve um debate sobre os pontos acima, facilitado por uma série de perguntas que foram discutidas pelo painel, que incluía acadêmicos, desenvolvedores de vacinas, membros da indústria, CEPI, OMS, o CDC África, representantes da Ásia, nós e o Butantan, dentre outros, pois a ideia foi oferecer uma visão global”, complementa Missailidis.
“Contribui nas discussões sobre todos os pontos levantados, trazendo a experiência de Bio-Manguinhos na prospecção tecnológica, a parceria com a AstraZeneca para a transferência de tecnologia e produção local da vacina de vetor viral da Universidade de Oxford contra COVID-19, nossos projetos internos de desenvolvimento com as vacinas de subunidade e de RNA”, citou o vice de Desenvolvimento Tecnológico, para complementar que “citei a oportunidade de nossa escolha como hub de vacinas de RNA da OMS ser exemplo de um esforço mundial para trazer equidade ao desenvolvimento e à produção de vacinas, para que seja reduzido – ou deixe de existir – a dependência do ‘Sul Global’ por vacinas desenvolvidas e produzidas pelas big pharmas”.
Jornalista: Paulo Schueler. Imagem: Bernardo Portella.