img day3

A oitava edição do International Symposium on Immunobiologicals – ISI foi concluída com o olhar para o futuro que permeou todo o evento e números que expressam a relevância da iniciativa de Bio-Manguinhos. O encontro híbrido e gratuito durou três dias (de 8 e 10 de maio) e ofereceu painéis, apresentações e o lançamento de um livro, reunindo mais de 50 países, entre 3.338 inscritos e 52 palestrantes. A apresentação do relatório final do Projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais pelo assessor científico sênior do Instituto, Akira Homma, abriu o último dia. Entre 2021 e 2023, a equipe criou uma rede de colaboração para enfrentar as baixas taxas de cobertura vacinal no Amapá e na Paraíba. “Chegamos a lugares onde ouvimos as pessoas dizerem que nunca ninguém havia estado lá”, celebrou.

O painel “Arboviruses in Brazil: political and technological challenges for the fight against Dengue”, foi aberto pela pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo: “É a minha vez de aprender sobre este assunto em meio à situação epidemiológica absolutamente nova que vivemos”. Eder Gatti, diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (MS), apresentou “Vaccination policy against Dengue”. “O Brasil é líder mundial em notificação. Em 2024, os dados ultrapassam muito os de 2023. Temos a pior epidemia da doença na história. Passamos de 4 milhões de casos e dois mil óbitos, além dos dados a investigar”, detalhou, explicando que as informações norteiam as ações do Ministério, que garante a reposição de imunizantes, a continuidade e a ampliação da vacinação.

Esperança produzida em laboratório
Fernanda Boulos, diretora científica do Instituto Butantan, palestrou em “Clinical trials of a Dengue vaccine”, sobre a expectativa quanto à vacina brasileira cujo estudo está na fase 3, com previsão de encerramento em 2024 e eficácia de 88% para casos graves. “Wolbachia method: a powerful strategy for controlling arboviruses”, foi a palestra de Karlos Diogo, do World Mosquito Program Brasil, que explicou como a bactéria wolbachia, replicada e inserida em ovos do inseto, inibe a transmissão: “O método tem eficácia comprovada, com redução de aproximadamente 70% de arboviroses”.

O painel “RNA based solutions -The infinite possibilities in biotechnology”, foi moderado por Milena Soares, da Fiocruz-Bahia. Em “mRNA vacines platform”, Patricia Neves, de Bio-Manguinhos, mostrou equipamento prestes a produzir o primeiro lote na América Latina. O projeto tem como meta a equidade na disponibilidade de vacinas e produtos de alto valor agregado: “Em uma emergência sanitária, precisamos que desenvolvedores queiram nos transferir. Estamos desenvolvendo nossa capacidade para sermos totalmente independentes e termos nossos próprios produtos”.

O mundo unido pela saúde
“Health agenda at the G20 2024 in Rio de Janeiro - systematic actions to focus on one health solutions” foi moderado por Pedro Burger, da Fiocruz. O embaixador Alexandre Ghisleni, da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MS, apresentou “Government agenda”, descrevendo a contribuição do Brasil no debate mundial e a proposta de agentes financeiros considerarem determinantes sociais como indicadores. “Estamos propondo a dívida por saúde, que os países credores se engajem em negociações com devedores para estabelecer acordos. Queremos que o G20 contribua para o avanço do trabalho das organizações internacionais de saúde”, descreveu, ressaltando que o Brasil se destaca pelo número de instituições públicas engajadas.

“Engagement and innovation agenda”, palestra de Graziela Zucoloto, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, compartilhou a agenda de pesquisa em saúde, como parcerias para o desenvolvimento produtivo expandir o acesso a produtos estratégicos e reduzir a vulnerabilidade produtiva e tecnológica do Sistema Único de Saúde por meio de laboratórios públicos, fortalecendo sistemas regionais e reduzindo desigualdades. Em “Scientific and academic agenda” Patricia Bozza, do Instituto Oswaldo Cruz e da Academia Brasileira de Ciências, pontuou o que vem sendo discutido no Science20, grupo voltado para políticas públicas em ciência e tecnologia com foco em desafios como fake news; inteligência artificial; mudanças climáticas e segurança alimentar. E destacou: “Saúde mental é uma questão importante ainda negligenciada. As estratégias são propostas de prevenção, possibilitando acesso e diminuindo desigualdades por meio da telemedicina”.

No painel “Vaccines for 2050 - The next frontiers in Biotechnology”, a pauta de Rino Rappuoli, da Biotecnopolo di Siena Foundation, incluiu comunicação da importância da vacina. O orador apresentou a evolução das tecnologias para produção, citando pesquisa iniciada antes da pandemia: “Um estudo que ninguém queria nem ler em 2017 foi o principal a tornar possíveis as vacinas contra a covid”. Sobre o progresso da ciência, resumiu: “Desenvolvimentos que duravam 20 anos hoje podem ser feitos em 10 meses”. “The front lines of the fight against a global pandemic - The Oxford coronavírus vaccine” teve a oradora Sarah Gilbert e Sue Ann Costa Clemmens, ambas da Oxford University. Sue palestrou sobre “Clinical trials of the coronavírus vaccine in Brazil”. O legado da pandemia, o impacto no desenvolvimento de produtos e como a comunidade científica, indústria e governo devem enfrentar as próximas pandemias foram temas: “É importante que estejamos preparados”.

Encerrando o 8th ISI, a cerimônia de premiação reconheceu dez trabalhos selecionados pela Comissão Avaliadora; e o bloco Mulheres de Chico fez uma apresentação musical.

 

Texto: Maria Carolina Avellar
Imagem: Manuela Machado

 

Alerta de cookies

Este site armazena dados temporariamente para melhorar a experiência de navegação de seus usuários. Ao continuar você concorda com a nossa política de uso de cookies.

Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade clicando no botão ao lado.