peq oswaldo vitalHoje comemora-se o Dia Nacional da Saúde e o aniversário de Oswaldo Cruz, o renomado médico e sanitarista brasileiro que teve um papel fundamental no controle de várias epidemias no Brasil no início do século XX. Muito já se falou da sua história e suas conquistas. Cruz liderou uma campanha de erradicação da febre amarela no Rio de Janeiro; combateu a peste bubônica em São Paulo; e foi responsável por uma campanha de vacinação em massa contra a varíola. No entanto, houve uma importante amizade na área científica que poucos conhecem: a relação entre Oswaldo Cruz e Vital Brazil, outro grande cientista brasileiro.

Foi em 1899 que as trajetórias de Oswaldo Cruz e Vital Brazil se entrelaçaram. Naquela época, a peste bubônica assolava a cidade de Santos (SP). A doença, transmitida pela picada de pulgas de ratos infectados pela bactéria Yersinia pestis, desencadeou uma crise sanitária. Junto com Emílio Ribas, Adolpho Lutz e Vital Brazil, Oswaldo Cruz estabeleceu quarentenas para prevenir a disseminação e promoveu campanhas de saneamento para conter a epidemia. Durante esses esforços, Vital Brazil contraiu a doença e foi atendido e diagnosticado por Oswaldo Cruz, ilustrando o nível de profissionalismo e respeito entre eles.

O Instituto Soroterápico Federal, atualmente conhecido como Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi uma iniciativa do governo federal, criado em 1900 e dirigido por Oswaldo Cruz. O Instituto foi inicialmente concebido para produzir soros e vacinas. Foi construído em terras então afastadas do ambiente urbano, na Fazenda de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Em 1899, o governo paulista adquiriu terras também então distantes do centro da cidade, na Fazenda Butantan, na zona oeste, para que lá fosse instalado um laboratório. Encarregado da produção de soro e vacina contra a peste bubônica, Vital Brazil assumiu em 1901 a direção do Instituto Serumtherápico (atual Instituto Butantan), no qual realizaria o seu maior feito como cientista: a demonstração da especificidade dos soros antiofídicos.

Nessa época, os dois cientistas, pioneiros na área de microbiologia no Brasil, ficaram amigos e passaram a trocar correspondências sobre suas pesquisas. Vital Brazil tinha um enfoque mais voltado para a produção de soros antiofídicos e pesquisa sobre venenos, enquanto Oswaldo Cruz se concentrava em campanhas de saúde pública e controle de epidemias urbanas.

Depois de quase vinte anos à frente do Butantan, Vital Brazil transferiu-se em 1919 para Niterói, onde fundou o Instituto Vital Brazil. Morreu no Rio de Janeiro, em 8 de maio de 1950. Já Oswaldo Cruz, em 1915, por motivos de saúde, abandonou a direção do Instituto Oswaldo Cruz e mudou-se para Petrópolis. Eleito prefeito daquela cidade, traçou vasto plano de urbanização. Sofrendo de crise de insuficiência renal, morreu dia 11 de fevereiro de 1917, com apenas 44 anos.

Homenagens

A homenagem de Vital Brazil a Oswaldo Cruz, ao nomear um de seus filhos como Oswaldo, é um testemunho significativo do respeito e da admiração que existia entre os dois grandes cientistas, apesar das diferenças profissionais. Esse gesto destaca a profunda conexão pessoal e o reconhecimento mútuo das contribuições de cada um para a saúde pública no Brasil.

Dentro do Parque da Ciência do Butantan, tem o Horto Oswaldo Cruz. Criado em 1916, o objetivo do Horto era cultivar plantas medicinais, fornecer recursos à medicina, orientar na cura de moléstias e combater o charlatanismo. Agora, totalmente revitalizado, oferece diversos atrativos aos visitantes.

A Sala Oswaldo Cruz fica localizada no Prédio Vital Brazil, o prédio histórico do Butantan. Ali ficava a Seção de Concentração de Soros do Instituto Butantan. Essa área desempenhava um papel crucial na produção e purificação de soros terapêuticos e diagnósticos. Esses soros eram utilizados no tratamento de envenenamentos por animais peçonhentos, como serpentes, aranhas e escorpiões, além de serem utilizados em diversas outras aplicações médicas e laboratoriais.

A Sala Oswaldo Cruz simboliza o compromisso do Instituto Butantan com a excelência científica e a dedicação à saúde pública, valores que Oswaldo Cruz personificou durante sua carreira. A homenagem perpetua o legado de colaboração e dedicação à melhoria da saúde no país, mostrando que suas trajetórias, embora distintas, eram complementares.

Jornalista: Gabriella Ponte (com informações de Casa de Oswaldo Cruz e Instituto Butantan)
Imagens: Instituto Oswaldo Cruz e Instituto Butantan

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