Confira depoimentos de profissionais que participaram do evento

Alessandro Pinheiro Chagas, assessor técnico do Conasems

alessandro chagas“Nós representamos os municípios lá em Brasília, na instância de gestão do SUS, que é tripartite, com participação do Ministério da Saúde, estados e municípios. Onde eu estou, na assessoria do Conasems, atuo em diferentes áreas, mas com ênfase na vigilância epidemiológica. Participamos da construção de políticas públicas em várias frentes. Eu acho que a importância de um fórum como esse é a gente colocar para discussão esse índice alto que o Brasil tem de nascimento de bebês prematuros. Então, precisamos primeiro entender o porquê para tentar diminuir esses casos, trazer esse índice para números mais aceitáveis, mesmo que num país com essas diferenças sociais enormes que a gente tem. Eu acho que o nosso índice pode melhorar porque nós temos um sistema único de saúde, onde a saúde é tratada como direito. Apesar de nossas mazelas, essa questão da saúde no Brasil é tratada de uma forma bem evoluída em relação ao resto do mundo. A segunda coisa que eu acho que é primordial é ampliar o acesso dos prematuros nos CRIEs. Nós temos 54 CRIEs, mas o importante não é o número. O essencial é a capacidade que os CRIEs precisam para treinar a Atenção Básica. E não precisa treinar todas as 45 mil UBS do Brasil. Nos municípios menores, por exemplo, abaixo de 50 mil habitantes, ele pode treinar uma UBS de referência para poder estar recebendo esses imunobiológicos e as pessoas pararem de ser transportadas para as capitais. Se pegarmos os municípios com população abaixo de 50 mil habitantes, você vai ter mais ou menos 82%, 83% dos municípios. Então, não é difícil resolver essa questão da descentralização. Com isso, automaticamente, nós ampliamos o acesso”.

Renato Kfouri, médico pediatra neonatologista, vice-presidente da Sociedade Brasileira de imunizações (SBIm)

renato kfouri“A prematuridade passou a ser um dos mais importantes problemas no Brasil, em termos de assistência às crianças. Melhoramos na questão da desnutrição, das doenças infecciosas como  sarampo e pneumonias, das diarreias, que eram as principais causas de morte das nossas crianças menores de 5 anos de idade. Mudamos para um patamar próximo do mundo desenvolvido em termos de assistência ao pré-natal, cuidado ao recém-nascido, condições ao nascer. As infecções e malformações, hoje, correspondem à quase a totalidade de mortes das crianças no primeiro ano de vida. Então, é fundamental que a gente ataque essas causas para continuar avançando, reduzindo os casos de prematuridade. É um grande desafio, em um país tão desigual quanto o nosso, combater a mortalidade infantil e todas as complicações que levam as crianças a não sobreviverem à prematuridade. Crianças que nascem antes de 37 semanas correspondem no Brasil a cerca de 12% dos partos. Aqui, fica evidente que a menor quantidade de consultas pré-natais e a pior assistência ao parto aumentam o risco da prematuridade e as condições de assistência a esse bebê que nasce antes do tempo adequado. Falar de um segmento completo dessa criança, ou seja, que se leva em conta o seu acompanhamento e desenvolvimento, tem que ter o olhar sobre as imunizações e a prevenção de doenças evitáveis por vacina. É uma ferramenta fundamental para que a gente evite infecções, internações, pneumonias e mortes dessas crianças, que já são fragilizadas por todo o contexto da prematuridade. Avançar em discussões de imunização com vacinas mais modernas, com menos reações, com menos injeções, com maior adesão, se tornou crucial para avançar em um cuidado ao prematuro e uma qualidade de vida cada vez melhor”.

Juarez Cunha, médico pediatra neonatologista, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

juarez cunha“Trabalhei muito no sistema de informação sobre os prematuros, sistemas de mortalidade infantil, na Secretaria de Saúde de Porto Alegre. A prematuridade com percentuais em torno de 12%, é um percentual bastante importante. Tem todas as peculiaridades que foram tratadas nesse fórum, que ajuda a dar visibilidade para as vacinas e às questões que levam à mortalidade infantil. É fundamental termos essa discussão, externarmos isso. Dentro da área das vacinas, já conseguimos evoluir muito. Nesses últimos anos, a gente conseguiu incorporar novas vacinas, a própria hexavalente, que foi incorporada em 2021. Mas, agora temos a possibilidade de produzir essa vacina no Brasil com a transferência de tecnologia. Isso facilita e amplia a possibilidade do seu uso. Temos uma restrição ainda de uso para prematuros menores que 33 semanas, antes era menor que 31. Gostaríamos de ampliar para 37 semanas. O ideal seria que tivesse essa vacina para todas as crianças e tenho certeza de que aumentaremos essa indicação no futuro. O Brasil poder produzir essa vacina é um avanço muito importante. Discutir esse assunto nesse ambiente, levar essa discussão para todos os estados é fundamental. Estou muito feliz de estar participando desse evento, dividir o que a gente está vivendo e está acompanhando na ponta. Que bom que a gente pode estar junto nisso e vendo as evoluções acontecerem”.

Texto e imagens: Gabriella Ponte

Alerta de cookies

Este site armazena dados temporariamente para melhorar a experiência de navegação de seus usuários. Ao continuar você concorda com a nossa política de uso de cookies.

Saiba mais sobre nossa Política de Privacidade clicando no botão ao lado.