O Novembro Roxo é o mês dedicado à conscientização sobre a Prematuridade, uma condição que afeta aproximadamente 15 milhões de bebês em todo o mundo anualmente. Os bebês prematuros, nascidos antes das 37 semanas de gestação, enfrentam desafios significativos em seu desenvolvimento, como dificuldades respiratórias, alimentação inadequada e vulnerabilidade a infecções. Esses fatores tornam os cuidados especializados essenciais para garantir sua sobrevivência e qualidade de vida. Dentre estes cuidados está a vacinação.
Com o objetivo de discutir temas relevantes sobre a vacinação, aumentar o conhecimento sobre os cuidados com a prematuridade e a importância da alta cobertura vacinal, além de estabelecer uma rede de colaboração em prol da imunização, Bio-Manguinhos/Fiocruz e a Sanofi, parceira responsável pela transferência de tecnologia da produção nacional da vacina hexavalente acelular, promoveram, no dia 22/11, o Fórum de Prematuridade.
Participaram da mesa de abertura Lurdinha Maia, gestora do Departamento de Assuntos Médicos, Estudos Clínicos e Vigilância Pós-Registro (Deame), Ricardo de Godoi, vice-diretor de Inovação de Bio-Manguinhos, Alessandro Chagas, assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), e Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de imunizações (SBIm). A chefe de Gabinete de Bio-Manguinhos, Tatiana Sanjuan, realizou o encerramento do evento, que foi marcado por ricas discussões sobre políticas públicas voltadas para bebês e gestantes que são atendidos pelo SUS.
Em sua fala, Lurdinha ressaltou que Bio-Manguinhos já entrou com pedido de registro da vacina hexavalente acelular na ANVISA. Para ela, reunir atores estratégicos relacionados à saúde dos bebês é importante, pois não pensamos em produto sem pensar no que ele representa para a população brasileira, e como os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIEs) podem e devem contribuir com o acesso a estes imunobiológicos não disponíveis no calendário normal de vacinação. Uma real contribuição para a tão almejada equidade. Chamou atenção para a responsabilidade dos atores presentes nas discussões para um maior conhecimento da potencialidade dos CRIEs e seus produtos. "Que profissionais de saúde, especialistas ou da Atenção Primária à Saúde, exerçam em suas várias atividades a indicação ou dar conhecimento das indicações já existentes dos CRIEs com a popularização dos CRIEs. É necessário fortalecer a política de acesso aos imunológicos especiais contribuindo para a equidade", destacou.
Par Kfouri, médico pediatra neonatologista, é um grande prazer tratar desse assunto, pois a mortalidade infantil ainda é um grande problema de saúde pública. “É um desafio evitar a desnutrição e a infecção de recém-nascidos. Uma forma de prevenir as doenças nessa primeira fase da vida é a vacinação. O Brasil teve o primeiro calendário vacinal para prematuros do mundo e, mais atualmente, estamos vendo a incorporação de novas vacinas acelulares, que será um diferencial para a população”, afirmou.
Chagas enfatizou que 54 CRIEs são poucos para atender toda a população brasileira, portanto, esse atendimento deve ser descentralizado. “Precisamos treinar as equipes da Atenção Básica para lidar com os imunobiológicos especiais e distribuí-los para o interior”, avaliou.
Godoi enalteceu a importância de Bio absorver a expertise da Sanofi através da transferência de tecnologia que vai proteger bebês prematuros contra seis doenças graves: difteria, tétano, coqueluche, doenças provocadas pela bactéria Haemophilus influenzae e tipo b, hepatite B e poliomielite.
“Vamos oferecer uma solução nacional para o abastecimento do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e aumentar o acesso da população a produtos estratégicos, contribuindo para o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. É primordial para Bio-Manguinhos manter um diálogo constante com os profissionais de saúde para que possamos debater sobre como está sendo o atendimento aos pacientes na ponta e melhorar a saúde pública do país. Fornecer esse imunizante tem o objetivo não só de aumentar a cobertura vacinal, mas também representa ganhos na cadeia de frio e logística, proporcionando maior economicidade para o SUS”, concluiu.
No Brasil, nascem cerca de 340 mil bebês prematuros por ano, o que equivale a: 931 nascimentos por dia, 6 nascimentos a cada 10 minutos. No Brasil, mais de 12% dos nascimentos são prematuros, o que é o dobro da taxa de países europeus. É a principal causa de morte de bebês no primeiro mês de vida. No Brasil, os números revelam que, a cada 30 segundos, um bebê morre em consequência do parto antecipado.
Diante do exposto, os cuidados iniciais com o bebê são fundamentais para melhorar as perspectivas de qualidade de vida. Durante a programação científica, foram debatidas as boas práticas na sala de parto; prevenção de infecções e sepse; importância do leite materno para o sistema imunológico; a imaturidade universal de todos os órgãos; atendimento multidisciplinar; aumentar a cobertura vacinal em prematuros; atualização dos manuais dos CRIEs; políticas públicas voltadas para esse grupo vulnerável; entre outros temas.
O calendário de vacina especial para prematuros é muito semelhante ao dos recém-nascidos de termo, como são chamados os bebês que nascem no período esperado. Existe uma diferença tecnológica em vacinas para recém-nascidos prematuros. As vacinas dadas em Unidades Básicas de Saúde para bebês de termo são combinadas de células inteiras. Essas podem, por exemplo, causar reações adversas no bebê prematuro, especialmente aqueles abaixo das 31 semanas ou menos de 1 kg. Então, para essas crianças especificamente, são recomendadas vacinas combinadas acelulares.
As vacinas contra meningite, pneumonia, coqueluche, hepatite B, rotavírus, gripe e as demais do primeiro ano de vida devem ser aplicadas segundo a idade cronológica da criança, independentemente de seu peso ou idade gestacional. A prevenção das infecções causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR) também é fundamental, pois esse agente é o principal responsável pelas infecções pulmonares de crianças, em especial bebês e prematuros, com quadros de pneumonias e bronquiolite associadas a ele.
Jornalista: Gabriella Ponte
Imagem: Bernardo Portella