Confira depoimentos de profissionais que participaram do evento
Luciana Gomes Pedro Brandão, médica infectologista, CRIE/Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz)
“O fórum para discutir a prematuridade foi uma iniciativa muito interessante que permitiu a troca de experiência entre diferentes setores envolvidos no cuidado multidisciplinar dos prematuros. Como médica infectologista do CRIE, que atua basicamente na prevenção de doenças preveníveis, foi muito enriquecedor ter uma visão mais ampla da prematuridade do ponto de vista clínico e social. Os CRIEs possuem equipes especializadas que atuam diretamente no atendimento e vacinação de população com necessidades imunobiológicas especiais, o que inclui os prematuros. Mas, apesar da excelência do atendimento, nem sempre é fácil para quem precisa chegar a uma unidade do CRIE. Então, precisamos repensar a estratégia de vacinação especial no Brasil. E a principal pergunta deve ser, como fazer a vacina chegar em quem precisa? No evento, tivemos a oportunidade de ver diferentes experiências no sentido da descentralização e ampliação do acesso às vacinas especiais. Os CRIEs certamente terão um papel muito importante nesse processo de descentralização. Nesse sentido, o CRIE da Fiocruz criou um projeto de atendimento do CRIE por telemedicina no período da pandemia, que se mostrou muito efetivo. Dessa forma, é possível manter o atendimento especializado com equipe capacitada sem a necessidade do deslocamento do paciente. O próximo passo é fazer com que a vacina especial efetivamente chegue na unidade básica de saúde mais próxima do paciente, aumentando assim a cobertura vacinal nessa população especial”.
Leticia Duarte Villela Botelho, médica pediatra e neonatologista responsável pelo ambulatório de seguimento do prematuro do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)
"O evento foi uma oportunidade muito boa para conversarmos sobre a prematuridade, sobre os cuidados iniciais e as repercussões que causa ao longo da vida. Eu sou neonatologista e atualmente, ou melhor, há quase 20 anos, eu trabalho e convivo diariamente com as crianças egressas de unidades intensivas neonatais. Nesse grupo estão os que nascem muito prematuramente. Eles apresentam muitos desafios relacionados ao desenvolvimento neuropsicomotor, apresentam um risco maior de doenças metabólicas e também nos mostram muitas potências. O ideal é perceber as janelas de oportunidades para que as intervenções ocorram em momentos adequados e, dessa forma, as crianças alcancem suas melhores trajetórias. O olhar cuidadoso para a saúde da mulher e o pré-natal adequado podem contribuir para uma diminuição na prevalência da prematuridade".
Texto: Gabriella Ponte
Imagens: Acervo Pessoal